sábado, 29 de novembro de 2014

Varrendo a casa, jorrando litros pelos olhos. A cada tentativa de limpar algo, uma lembrança. Agora quando encostei a vassoura pra descansar (por causa da Esclerose tenho que fazer isso a cada 10 ou 15 minutos) acabei dando de cara com a santinha de Los Roques. Que comprei na nossa "lua de mel". Essa viagem foi justamente pra isso, pra ser a nossa "lua de mel" pós casamento. Se bem que "casamos de verdade" quando voltamos à Porto Alegre e fomos ao cartório. Mas ainda estávamos comemorando o dia do nosso casamento o dia 22 de novembro (2006), o dia que ficamos pela primeira vez.
Malditas horas de solidão.. Não consigo não pensar na nossa história. E na minha situação. De saúde e financeira.
Escrever, escrever e escrever.
Só isso me resta.
Havia perdido a senha daqui. Eu devia ter escrito no meu aniversário, quando nunca tive tão sensível.
Aos finais de semana minha vida tem sido horrível. Todos.
Não tenho conseguido me envolver com ninguém. Fazer amizades.
Essa depressão tá foda. E pior que isso é ter que disfarçar. Não chamar a atenção pra ela.
No trabalho as pessoas nem imaginam pelo que estou passando.
Quando eu acho que esqueci, lembro da doença. Essas mudanças na minha vida fizeram com que eu não cuidasse dela como deveria.
Hoje estou endividado, no Serasa, sozinho, numa cidade distante e que não é a minha.
A Esclerose cada vez pior. Hoje tô levando o dia todo pra arrumar a casa. Evitando conhecer pessoas, sair de casa.
Pra completar o ex que estava sendo bacana, sumiu. Disse que ia aparecer na terça, e na quarta, e ontem, pra dormir. Nada.
Não o culpo. Não devo estar bonito, não devo estar sendo uma pessoa atraente, interessante. E essa depressão deve ser um saco pros outros. Meus amigos mais próximos já não são mais ou menos.
É, literalmente sozinho. Tenho pensado muito na Bebel e como é pacificador um sorriso de criança. Estar com a Bebel me faz tão bem. Todo o tempo com ela os problemas parecem desaparecer.
Nunca pensei que aos 38 anos eu estaria assim. Escrevendo essas palavras.
Eu não sou um cara depressivo. Eu estou deprê, mas não sou. Sou sonhador. Ao menos eu era.. Ter mais idade é cheio de coisas boas. Mas uma coisa que eu tinha, vejo que esou perdnedo cada vez mais: esperança
E quando não se tem esperança... bem, melhor eu procurar por ela.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

"deixa o mar curar a ferida..."


Hoje, mais uma vez como nos últimos dias, acordei chorando. Soluçando e tremendo. Sei que não é normal, mas não é raro isso acontecer.
Também teve um dia que dormi com todas as luzes ligadas. E coloquei uma luminária acesa na mesinha ao lado da cama.
Ontem a noite, quando tentava pegar no sono tive aquelas sensações que tinha quando criança, que tinha um monstro escondido no quarto, que só esperava eu dormir pra sair e me atacar.
É meio assim que tenho me sentido. Como uma criança abandonada à própria sorte.
Abandonado com uma doença monstruosa que pode me deixar inválido.
Até entendo que pra ficar com uma pessoa assim, a outra tem que amar muito. Demais. Incondicionalmente.
E eu tenho essa sensação triste. Que nunca fui amado de verdade. Que foi uma farsa. Que bastou uma prova de amor como essa e desistiu de tudo.
Desistiu de mim.
Será que é assim que uma criança órfã se sente?
Nunca pensei nisso. Elas estão lá, sozinhas, sem amor. A gente sempre tem pena deles. Mas nunca associei ao abandono e de como elas poderiam se sentir assim…
Acabei de te escrever o e-mail abaixo. Sim, porque não to tendo nem o direito de ser só emocional. Eu tenho que ter momentos de racionalidade, senão o que já tá ruim pode piorar.

"Paulo,
to me preparando para o que o futuro me reserva.
O aparelho de respiração que eu não quis comprar antes pra não gastarmos e agora que tu me abandonou, continuo precisando. Ontem aquele não funcionou e foi complicado. Hoje não sei se funcionou o tempo todo porque mesmo agora sendo cedo da manhã, estou cansado de um jeito fora do comum.
É esse: http://www.cpaps.com.br/kit-promocionais/cpap-s9-autoset-umidificador-h5i-mascara-nasal-comfort-gel?utm_source=MailingList&utm_medium=email&utm_campaign=CPAPS+-+04%2F06%2F14

A vantagem é que a loja é em Vila Velha. É a melhor da internet para Cpaps.
Eu mesmo posso buscar lá. 
Não dá pra levar esse trambolho que eu tenho agora.

Compra no cartão pra mim. Parcela em 12X ou mais, sei lá.
Tá chegando ao fim, não te preocupa.
Tu vai conseguir se livrar de mim. Falta pouco.
Só não precisa chutar cachorro morto. Deixa o mínimo pro cachorro conseguir sobreviver sozinho, tentar ao menos.
Não é luxo, é necessidade. E eu não comprei antes porque estava pensando na nossa saúde financeira. Agora sem muitos gastos, como o financiamento do apartamento, isso vai ser o gasto mínimo no teu cartão.
Eu não aguento mais chorar. Eu acordo chorando que nem criança, me abraçando no cobertor. Sozinho na casa fria. Dor de cabeça, zunido ensurdecedor, marcha comprometida demais...
Tu não precisava ser tão mal com quem te amou demais. Não precisava.
Eu não merecia 1/20 do que está acontecendo.
Eu tenho direito de explodir de nervosismo. O que tá acontecendo comigo é surreal.
3 meses que eu to assim, nesse sofrimento e abandono sem fim.
Nunca me fizeram tanto mal. Nunca. Nem quando eu era criança naquelas fases que tu conheceu.
Eu vou embora e não sei como vai ser.
Não sei se vou ter forças, não sei se vou ser enrolado mais uma vez.
Mas é a última chance.
Eu tenho que aprender de uma vez por todas que ninguém merece minha entrega. Ninguém.
Que o ser-humano pode ser cruel quando quer. Mesmo aquele de quem menos esperamos.
Eu não vou esquecer jamais a tua cara quando acabou comigo em abril : "to aliviado, sentindo um alívio..."
Enfim. Não gostaria de estar escrevendo essas coisas. A idéia do e-mail era só falar do Cpap.
Mas eu não consigo deixar de pensar todos os dias no que está acontecendo. 

Vou tentar dormir mais um pouco.

Tô muito cansado e o dia vai ser longo.

sábado, 5 de julho de 2014

Juntando os cacos

Daqui há 8 dias vou embora de cidade e de estado.
Eu nunca senti tristeza tão grande. Nunca. Nunca me senti tão abandonado. Nunca.
Eu não sei quando eu me dei conta de que eu casei com uma pessoa tão fria.
Juntando meus toys agora, colocando tudo num saco preto de lixo pra levar algum dia pra Vitória, o Leão de pelúcia, o primeiro presente que tu me deu quando voltou dos EUA, começou a tocar sem querer, aquela música do Rei Leão.

Mesmo eu tendo prometido pra mim mesmo que eu não ia mais chorar, foi impossível conter as lágrimas.
Eu não gosto de sentir pena de mim. Mas o choro ecoando pela casa sendo esvaziada, doeu fundo na alma.
Eu não consigo mais dormir. Eu não tenho paz.
E saber que tu já alugou um apartamento me deixa muito mais triste.
Triste de ver como pra ti isso tudo foi tão fácil. E pra mim foi arrasador desde a primeira semana de abril, quando de fato rompemos.
Eu não devia estar revivendo isso em textos. Relutei. Mas o medo de me arrepender depois foi maior.
Não quero esquecer o que eu to sentindo e o que senti. Porque me conheço bem... Daqui há alguns meses terei esquecido tudo e iria te procurar como se nada tivesse acontecido e te colocando pra cima, como tu foi o amor da minha vida, como foram legais esses 7,5 anos.
Foram legais mesmo. Mas a ruptura foi terrível e com certeza abafou parte dessa relação que foi muito bonita.
Eu tenho medo de não conseguir amar mais. Foi tão triste esse rompimento e eu tenho muita sensibilidade pra essas coisas que eu não sei se vou conseguir.
Eu sei que tu vai continuar te dando bem. E isso me entristece, de certa forma. Tenho orgulho do que construímos na Multinacional onde tu trabalha. Fizemos isso juntos. Aceitamos este desafio juntos.
Me entristece porque tu só decidiu me abandonar quando tu estava no auge. Auges da segurança, auge profissional. Malhando, paquerando as pessoas desesperadamente (lá em SP, aquele dia que fomos no bar na rua, isso pra mim ficou muito claro quando tu não deixava de encarar aquele cara. Mesmo ele tendo ido embora com um amigo, tu continuava olhando pra trás, paquerando).
Tu jamais faria isso alguns anos atrás. Porque não estava tão bem na empresa. Porque não estava seguro. Porque não malhava.. E malhar, hein? Sempre soube que ali começava o fim. Nunca vi alguém que começasse a malhar que não tenha mudado de perfil. A única pessoa que eu conheço que não deixou-se afetar pela malhação foi a Ingrid. Sempre foi a mesma, antes e depois da malhação.
enfim... esse post começou melancólico e era assim que era pra terminar. Mas como todo pensamento bom que eu tenho de ti, se transforma em raiva e tristeza.
Não quero mais me sentir assim. 3 meses de cama e tratamento são mais do que suficientes.
Eu prometo pra mim mesmo que vou superar isso. Eu vou ser um grande Paladino. Eu já sou, mas vou ficar o paladino perfeito.